domingo, junho 27, 2004

Janela da Vida

"Janela da Vida"

Para ver quanta fé perdida
E quanta miséria sem par
Há neste orbe, atroz ruim
Pus-me à janela
P'lo vasto Mundo sem fim.

Vi dar aos ladrões valores
E sentimentos perdidos
Nas que passam por honradas
Vi cinismos esquecidos
E vaidades medalhadas

Vi no torpor mais imundo
Profundas creças caindo
E maldições ascendendo
Tudo vi neste Mundo
Vi miseráveis subindo
Homens honrados descendo

Esse é rico, e não tem filhos
Que os filhos não dão prazer
Acerta gente de bem
Aquele tem duros trilhos
Mas é capaz de morrer
p'los filhinhos que tem

Esta é rica em frases ledas
Diz-se a mais casta donzela
Mas a honra onde ela vai
Aquela não veste sedas
Mas os garotitos dela
São filhos do mesmo pai

Por isso afirmo com ciso
Que p´ra na vida ter sorte
Não basta a fé decidida
P´ra ser feliz é preciso
Ser canalha até à morte
Ou não pensar mais na vida.



Letra de : Carlos Conde

Música: Marcha de Alfredo Marceneiro

Do livro: Alfredo Marceneiro
Os Fados que ele Cantou

Autor: Vitor Marceneiro

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