segunda-feira, abril 18, 2005

É tempo de aprendermos que os bárbaros somos nós.


meupatijo Posted by Hello


"Na Noruega, o horário de trabalho começa cedo (às 8 horas) e acaba cedo
(às 15.30). As mães e os pais noruegueses têm uma parte significativa dos
seus dias para serem pais, para proporcionar aos filhos algo mais do que
um serão de televisão ou videojogos. Têm um ano de licença de maternidade
e nunca ouviram falar de despedimentos por gravidez."


"A riqueza que produzem nos seus trabalhos garante-lhes o maior nível
salarial da Europa. Que é também, desculpem-me os menos sensíveis ao
argumento, o mais igualitário. Todos descontam um IRS limpo e transparente
que não é depois desbaratado em rotundas e estatuária kitsh, nem em
auto-estradas (só têm 200 quilómetros dessas «alavancas de progresso»),
nem em Expos e Euros."


"É tempo de os empresários portugueses constatarem que, na Noruega, a
fuga ao fisco não é uma «vantagem competitiva». Ali, o cruzamento de dados
«devassa» as contas bancárias, as apólices de seguros, as propriedades
móveis e imóveis e as «ofertas» de património a familiares que, em
Portugal, país de gentes inventivas, garantem anonimato aos crimes e
«confundem» os poucos olhos que se dedicam ao combate à fraude económica."



"Mais do que os costumeiros «bons negócios», deviam os empresários
portugueses pôr os olhos naquilo que a Noruega tem para nos ensinar. E, já
agora, os políticos.

Numa crónica inspirada, o correspondente da TSF naquele país, afiança que
os ministros não se medem pelas gravatas, nem pela alta cilindrada das
suas frotas. Pelo contrário, andam de metro, e não se ofendem quando os
tratam por tu. Aqui, cada ministério faz uso de dezenas de carros topo de
gama, com vidros fumados para não dar lastro às ideias de transparência
dos cidadãos. Os ministros portugueses fazem-se preceder de batedores
motorizados, poluem o ambiente, dão maus exemplos e gastam a rodos o
dinheiro que escasseia para assuntos verdadeiramente importantes."



"Mais: os noruegueses sabem que não se «projecta o nome do país» com
despesismos faraónicos, basta ser-se sensato e fazer da gestão das contas
públicas um exercício de ética e responsabilidade. Arafat e Rabin
assinaram um tratado de paz em Oslo. E, que se saiba, não foi preciso
desbaratarem milhões de contos para que o nome da capital norueguesa
corresse mundo por uma boa causa."



"Até os clubes de futebol noruegueses, que pedem meças aos seus
congéneres lusos em competições internacionais, nunca precisaram de pagar
aos seus jogadores 400 salários mínimos por mês para que estes joguem à
bola.

Nas gélidas terras dos vikings conheci empresários portugueses que ali
montaram negócios florescentes. Um deles, isolado numa ilha acima do
círculo polar Árctico, deixava elogios rasgados à «social-democracia
nórdica». Ao tempo para viver e à segurança social."


"Ali, naquele país, também há patos-bravos. Mas para os vermos precisamos
de apontar binóculos para o céu. Não andam de jipe e óculos escuros. Não
clamam por messias nem por prebendas. Não se queixam do «excessivo peso do
Estado», para depois exigirem isenções e subsídios."



É tempo de aprendermos que os bárbaros somos nós.

Seria meio caminho andado para nos civilizarmos.

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